Champions News - A "lavanderia" Shakhtar Donetsk.

Vamos hoje mergulhar nos esgotos da Champions League. Nos intestinos do futebol. Crime, lavagem de dinheiro, e a ascensão de um clube no leste europeu.

O que dizer de uma equipe como o FC Shakhtar Donetsk? Que é um clube do leste da Ucrânia, fundado em 1936, e que possui cinco títulos nacionais, todos conquistados nos anos 2000? Que conquistaram ainda uma Copa UEFA, em 2008/2009? E o que mais?

Trata-se de décadas de mediocridade (sempre à sombra do Dinamo de Kiev), e de um sucesso repentino e meteórico nos últimos anos. Ninguém jamais ouvia falar deste nome complicado dessa longínqua e insignificante cidade.

A equipe atual conta com vários brasileiros, como Luiz Adriano (ex-Internacional), Douglas Costa (ex-Grêmio), Fernandinho, o pinguço Jadson (ex-Atlético Paranaense) e Willian (ex-Corinthians). Elano, hoje no Santos, já passou pela equipe ucraniana entre 2005 e 2007. jogou 36 partidas e fez 7 gols. O cara teve depressão, chorava no colo da patroa, e por recomendação do psiquiatra, parou de escavar neve pra entrar em casa e se mandou pro Manchester City.

Na verdade, para entender o que ocorre em Donetsk, basta saber que como ocorre em geral nesses países do Leste Europeu, o sucesso recente do time se deve ao saldo bancário do seu dono e Presidente, o magnata Rinat Leonidovych Akhmetov – ou em ucraniano, Рінат Леонідович Ахметов.

Também, com um patrimônio de 6 bilhões de dólares, qualquer um pode se deleitar brincando de dono de time futebol. Além de Presidente do Shakter, o cara se dedica também a outras duas paixões: o pôquer e a máfia ucraniana, que aliás é chefiada por ele.

Rinat é Presidente do clube desde 1996. Sucedeu no cargo a Akhat Bragin, após este ser assassinado num misterioso atentado dentro das instalações do estádio do Shakhtar, em 1995. É claro, Bragin também era ligado à máfia ucraniana.

O jornalista Serhiy Kuzin, autor do livro “Donetsk Máfia”, afirma que o bilionário Rinat Akhmetov teria iniciado sua carreira trabalhando como capanga da organização mafiosa, a mando da qual executara várias pessoas. Foi subindo na hierarquia da “empresa”, e hoje mija de porta aberta onde quiser.

Akhmetov só se desloca acompanhado de pencas de seguranças, em um comboio de Mercedes-Benz blindados. Quando seu time vence, costuma dar prodigiosas festas e demonstrações de generosidade, distribuindo maços de dólares para cada jogador. Veja o depoimento do jovem jogador Willian à Revista Veja, em 2009:

"Eu nunca quis jogar na Ucrânia. Vim para cá em 2007 porque insistiram muito. O presidente do clube fez de tudo para me convencer: cheguei da Alemanha no jatinho particular dele – até a torneira do banheiro era banhada a ouro. Fiquei impressionado com a proposta que me fizeram e assinei na hora. Ganho por volta de 200 000 dólares por mês. Com o passar do tempo, comecei a ficar infeliz. Jogando na Ucrânia não tenho visibilidade. Não quero ser um milionário desconhecido no resto do mundo. Depois, os treinos parecem de atletismo. Nos fins de semana, fico em casa, entediado. No inverno chega a fazer 25 graus negativos! Mas o que mais odeio aqui é a polícia, que sempre me para. Como eles sabem que sou jogador, fazem isso para tentar me tomar dinheiro. O Shakhtar pode me dar um caminhão de dólares, mas eu não renovo por valor nenhum." (Willian - ô, coitado.)

Então, enquanto a gente se compadece do drama pessoal do jovem Willian, aí vai a tradução do hino do Shaktar. Levante-se aí da sua cadeira e cantemos todos:

Glória a ti, Shakhtar!
Céus estrelas do futebol
Será sempre do seu lado,
E a luz dos seus melhores sonhos
Está a brilhar a partir de cima.
Beleza de verdes campos, isso é para você, Shakhtar.
O meu destino está nas suas mãos, você é o melhor, Shakhtar.
E para você, Shakhtar, a medalha do meu amor
Será sempre brilhar em breu onde você está,
E sempre vai protegê-lo da derrota
A estrela mais brilhante do futebol!